sábado, 3 de outubro de 2009

O culturalismo radical: um anti-historicismo

Jaime Oliva
O que é cultura? Esse é um termo extremamente polissêmico; eis, a seguir, uma lista possível de significados:
1. O contrário de natureza (fortemente afirmado na antropologia anglófona)
2. O conjunto de produções ideais disponíveis numa realidade social dada
3. Produções estéticas de uma sociedade (a arte, o Ministério da Cultura etc.)
4. Uma civilização (usada como oposição à barbárie)
5. Uma relação com o mundo comum aos membros de uma comunidade
6. Por extensão: as ideias e os valores comuns a um grupo qualquer

# Uma acepção corrente (e muito prestigiada atualmente) da ideia de cultura estabelece o que pode ser denominado como o paradigma culturalista: uma representação das culturas como realidades homogêneas e fixas, impermeáveis às influências das outras culturas e destacadas da história.
# O sentido 5 resulta no seguinte se admitirmos o paradigma culturalista: uma sociedade seria uma justaposição de comunidades culturais distintas (daí a grande valorização da ideia de diversidade cultural, multicultural, um quase multicomunitarismo). No caso, é importante destacar a diferença do conceito de sociedade (societal) – algo que apreende a essência das sociedades modernas (1) em relação ao conceito de comunidade (comunitário), algo que apreende bem a essência das sociedades tradicionais (2).
# O sentido 2 parece o mais razoável e está aberto à historicidade, mas para aqueles que falam sempre em cultura os sentidos 5 e 6 utilizados como descritos acima, prevalecem.
(1) No século XIX Hegel e Baudelaire fixam o significado mais difundido de moderno como um sistema cultural onde o humano possui uma maior consciência de seu lugar na história. Entre os filósofos vai designar então os princípios de deslocamentos “espirituais” em torno dos quais se desenvolve o Ocidente, da Renascença aos nossos dias, passando pelo Iluminismo e as filosofias da História. Em termos concretos, há um desencantamento do mundo (Weber), uma generalização do produtivismo em vinculação com mercados estruturados e a ascensão como figura chave da arquitetura societal. E um compromisso com o futuro...
(2) O tradicional se move tendo como referência o passado, um sistema cultural estabelecido e respeitado (se move então?). Numa sociedade tradicional a cultura é uma segunda natureza, o indivíduo está dissolvido nesse meio e não ascende... Comunidade e ausência de contato são os cimentos tradicionais.

2 comentários:

Dora Amarante disse...

Olá Professor Jaime,
Estava assistindo a vídeo conferencia da rede aprende com rede quando uma professora fez menção do seu blog, vim visita-lo e apreciei muito seu trabalho, serei uma leitora assídua.
Abraços!
http://geografiageralebiblica.blogspot.com/

Unknown disse...

Prof. Jaime,



Temos a satisfação de convidá-lo para participar do Simpósio Meio Ambiente Brasileiro em Questão: uma abordagem histórica - em homenagem aos 85 anos do Prof. Aziz Nacib Ab'saber, a ser realizado na Casa de Cultura Japonesa, Avenida Professor Lineu Prestes, 159, Cidade Universitária, São Paulo, SP, no dia 18 de novembro do corrente ano, das 14:00 às 19:00 horas.
Certos de poder contar com a sua honrosa participação e colaboração na divulgação do Simpósio na sua unidade, externamos os nossos melhores protestos de estima e consideração.

Atenciosamente,




Adriana Casagrande
Centro Interunidade de História da Ciência (CHC/USP)