sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A turistificação para além das cidades (e das redes geográficas e dos parques temáticos)

Jaime Oliva

O turismo para além das cidades: 1. Há várias realidades geográficas que atraem turistas além das cidades, aliás, cada vez mais. Isso se deve, entre outros motivos, aos avanços dos transportes (das vias terrestres principalmente) que permitem um acesso a lugares outrora inalcançáveis. De fato, as cidades sempre foram os pontos de chegadas de todos os transportes;
2. Quais as características do meio natural mais atraentes? Uma lista possível: áreas litorâneas, paisagens montanhosas marcada pela mansidão tranqüilizante ou então pelo abrupto fascinante, paisagens insólitas, a duração e o valor da insolação e da luminosidade, selvas equatoriais e tropicais, savanas tropicais da África e sua megafauna, desertos e seu caráter de “fim do mundo”;
3. Representações mais abstratas, construídas, tais como → a tranqüilidade trazida pelas regiões rurais e pelos lugarejos isolados (em contraste com a agitação e a conexão total das grandes cidades); os lugares celebrizados pelas artes (como o cinema, por exemplo), as culturas locais exóticas em comparação com a nossa, áreas tidas de valor científico, lugares para tratamento de saúde... tudo isso já é, ou então está se construindo como atração turística.
O turismo alternativo: 1. Encontra seu principal espaço fora das cidades, aliás, seria alternativo ao turismo convencional (para as cidades e de “massa”). A exceção do turismo que visa o binômio sol/praia, todas as outras atrações, mencionadas anteriormente, se prestam ao turismo alternativo. Geralmente é praticado por pessoas com escolaridade elevada, com renda, adultos e jovens e com mais tempo livre disponível. É um “turismo de proposta”. São várias as modalidades: ecoturismo, que se dá em lugares de pouco alteração no quadro natural original e se propõe a ser um turismo sustentável; turismo de aventuras, que busca áreas para práticas entendidas como desafiadoras; turismo rural, feito em pequena escala nas zonas camponesas. Nos anos 1990, a força da cultura ambientalista promove uma aproximação dessas três modalidades de turismo alternativo.

Problematização: Um fato “estranho” chama atenção e precisa ser bem pensado: 1. o turismo em cidades, num certo sentido, muda menos as realidades geográficas originais que o turismo em áreas naturais (isso se for uma cidade turística e não uma estação turística). As formas alternativas têm seus problemas de custo ambiental que são habitualmente ignorados (e também ajudam na decadência dos centros tradicionais). Está havendo uma massificação ignorada; a pressão sobre certos recursos frágeis e específicos é maior nas novas formas de turismo, pois o turismo convencional não se interessa por essas áreas. Mas há uma contrapartida: o fato de um rio, de uma área florestada ter valor econômico por causa do turismo alternativo pode evitar que eles sejam destruídos.

Bibliografia
GOLDNER, Charles R. et al. Turismo : Princípios, Práticas e Filosofias. Porto Alegre: Bookman, 2002. 8ª edição. 472 p. (Cap. 17 – Turismo e Meio Ambiente)
CAVACO, Carminda. “Turismo rural e desenvolvimento local” In: RODRIGUES, Adyr A. B. Turismo e Geografia. São Paulo: Hucitec, 1996. (p. 94-121)
CARRERAS, Carles. “Turismo urbano: el efecto de los megaeventos” In: RODRIGUES, Adyr A. B. Turismo e Geografia. São Paulo: Hucitec, 1996. (p. 224-237)
KNAFOU, Rémy. “Turismo e território: por uma abordagem científica do turismo”. In: RODRIGUES, Adyr A. B. Turismo e Geografia. São Paulo: Hucitec, 1996. (p. 62-74)

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