Jaime Oliva
A influência do marxismo foi bem explícita na Geografia americana e na brasileira e, também na Geografia francesa. Uma de suas grandes características foi a de instalar a epistemologia marxista à Geografia, tornando opaca, de certa maneira, a discussão sobre espaço. Na tradição marxista a dimensão espacial foi tratada marginalmente, apenas como mediação. Diferentemente da questão do tempo, essa sim incluída no coração do “materialismo histórico e dialético”. A tentativa mais célebre de inclusão da dimensão espacial no coração da teoria do marxismo veio com Henri Lefebvre com a idéia de produção do espaço, algo que na linguagem de Edward Soja constituiria um materialismo histórico/espacial e dialético (In: Geografias Pós-Modernas).
A epistemologia marxista denuncia a organização científica em objetos de estudo “segmentados” como “burguesa”, a serviço da ideologia dominante, daí que as tentativas definidoras de objeto são vistas como reacionárias e ou positivistas, o que na cultura marxista da Geografia parece ser a mesma coisa. A opção marxista ortodoxa na Geografia ainda assinala como o núcleo central do social a economia política, o que é entendido como a “totalidade” visto o papel hierarquicamente preponderante que esse ponto de vista (que é o ponto de vista!) exerce na dinâmica social, que aliás não é tão dinâmica, pois movimenta-se sempre da mesma maneira. Outros recortes, só fazem sentido se servem a esse, como deixa claro R. Peet num célebre texto sobre a Geografia Radical nos EUA. Diz ele que a Geografia é uma pequena dimensão da ciência radical que estuda as relações do sistema dominante (o capitalismo, conceito construído a partir da economia política) com o espaço e o meio ambiente.
Assim, na visão da Geografia Crítica influenciada pelo marxismo, o que compete à Geografia e ao geógrafo é o aperfeiçoar a aplicação do marxismo à questão das relações do capitalismo com o espaço. É verificar que contribuição a Geografia pode dar a ciência maior que é a Economia Política, tal como apreendida pelo marxismo. Essa é vista como a verdade que desmascara o sistema científico burguês. “Vôo próprio” da dimensão espacial como algo que pesa no quadro do social é tido como determinismo espacial, algo de que ainda é acusado Milton Santos: esse trataria espaço como sujeito (que age) e a não como objeto (que recebe a ação).
Críticas que podem ser feitas à visão marxista do mundo: 1. Com a aplicação da idéia de totalidade aos fenômenos sociais, o marxismo destrói o conceito de sociedade porque ele faz dela um sistema desprovido de complexidade, uma maquinaria sem regulação interna, sem dinâmica própria, que está sendo arrastada para o abismo por aprendizes de feiticeiro... Constrói uma imagem de uma sociedade “capitalista” ao mesmo tempo unidimensional e bloqueada. 2. Rejeita a historicidade em nome da História; 3. Rejeita a dinâmica social em nome da luta de classes; 4. Rejeita a dinâmica econômica, embora seja um economicismo; 5. Rejeita a política em nome da luta de classes e da estigmatização do Estado. (Jacques LÉVY In: Le tournant géographique).
No conjunto o marxismo é um estruturalismo (o ator social conta pouco) que crê em estruturas determinantes só rompíveis em momentos revolucionários. Sua contribuição à Geografia é problemática se tida como algo totalizante e excludente. Afora essa situação, há uma contribuição a se considerar.
A epistemologia marxista denuncia a organização científica em objetos de estudo “segmentados” como “burguesa”, a serviço da ideologia dominante, daí que as tentativas definidoras de objeto são vistas como reacionárias e ou positivistas, o que na cultura marxista da Geografia parece ser a mesma coisa. A opção marxista ortodoxa na Geografia ainda assinala como o núcleo central do social a economia política, o que é entendido como a “totalidade” visto o papel hierarquicamente preponderante que esse ponto de vista (que é o ponto de vista!) exerce na dinâmica social, que aliás não é tão dinâmica, pois movimenta-se sempre da mesma maneira. Outros recortes, só fazem sentido se servem a esse, como deixa claro R. Peet num célebre texto sobre a Geografia Radical nos EUA. Diz ele que a Geografia é uma pequena dimensão da ciência radical que estuda as relações do sistema dominante (o capitalismo, conceito construído a partir da economia política) com o espaço e o meio ambiente.
Assim, na visão da Geografia Crítica influenciada pelo marxismo, o que compete à Geografia e ao geógrafo é o aperfeiçoar a aplicação do marxismo à questão das relações do capitalismo com o espaço. É verificar que contribuição a Geografia pode dar a ciência maior que é a Economia Política, tal como apreendida pelo marxismo. Essa é vista como a verdade que desmascara o sistema científico burguês. “Vôo próprio” da dimensão espacial como algo que pesa no quadro do social é tido como determinismo espacial, algo de que ainda é acusado Milton Santos: esse trataria espaço como sujeito (que age) e a não como objeto (que recebe a ação).
Críticas que podem ser feitas à visão marxista do mundo: 1. Com a aplicação da idéia de totalidade aos fenômenos sociais, o marxismo destrói o conceito de sociedade porque ele faz dela um sistema desprovido de complexidade, uma maquinaria sem regulação interna, sem dinâmica própria, que está sendo arrastada para o abismo por aprendizes de feiticeiro... Constrói uma imagem de uma sociedade “capitalista” ao mesmo tempo unidimensional e bloqueada. 2. Rejeita a historicidade em nome da História; 3. Rejeita a dinâmica social em nome da luta de classes; 4. Rejeita a dinâmica econômica, embora seja um economicismo; 5. Rejeita a política em nome da luta de classes e da estigmatização do Estado. (Jacques LÉVY In: Le tournant géographique).
No conjunto o marxismo é um estruturalismo (o ator social conta pouco) que crê em estruturas determinantes só rompíveis em momentos revolucionários. Sua contribuição à Geografia é problemática se tida como algo totalizante e excludente. Afora essa situação, há uma contribuição a se considerar.
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