quarta-feira, 14 de abril de 2010

A identidade geográfica e o presente

Jaime Oliva

Quando vamos falar de uma grande cidade poderíamos começar com a seguinte pergunta: o quanto (e como) do passado de uma cidade “desaguou” no presente?
Evidentemente, na construção de uma cidade seu passado é importante. Mas, não se trata de algo tão óbvio e tão automático. Um exemplo: a maior metrópole brasileira (São Paulo) atualmente é tão estranha à São Paulo do século XIX, quanto se esse passado fosse Jakarta, na Indonésia. Nesse caso, o passado “é país estrangeiro”.
Vamos tratar de um exemplo: e se fosse Recife? Na disciplina de História pode se mostrar como a identidade social que se constrói a propósito da cidade é produto de disputa entre grupos sociais diferentes. Pois, em Geografia essa discussão prossegue, inclusive numa disputa contra a memória coletiva (uma forma da identidade) que recusa o presente e insiste numa identidade que não faz mais sentido para os grupos atuais.
Haveria no presente uma identidade de Recife que trafega dos holandeses, pela arquitetura, pelos grandes personagens, e pouco pelos espaços (só pelo espaço mítico da faixa litorânea), e nada (não nos dois sentidos) pelo presente?
É bom lembrar que Recife projeta no Brasil contemporâneo uma outra identidade, mais pulsante e vital, que vem por meio do seu cinema (Amarelo Manga, diretamente, Cinema, Aspirinas e Urubus, indiretamente), que vem através de sua música (movimento mangue beat).
Essa identidade “concorrente” é produto desse confronto com a identidade mais convencional, de um passado mítico superado e inclui o presente: a segregação urbana versus cidade espaço de convívio; a cultura “popular suja” e vital contra uma cultura erudita e popular mítica; etc. Tudo isso também como componente da construção de relação do sujeito com seu espaço (geograficidade, topofilia).

Um comentário:

Jorge Ramiro disse...

As refeições podem também ter outros significados, que são a identidade de certas culturas. Ou melhor, a comida também representa a cultura e identidade. Mostrar os costumes de cada região e de certos alimentos que são transmitidos de geração em geração, como alimentos de uma cultura que viajou por todo o mundo. Eu gosto da carne e por isso eu sempre comeo em la caballeriza. Mas eu também gosto muito da comida local, comida japonesa e comida oriental, porque a comida oriental tem muito picante. Eu gosto da comida picante.