Jaime Oliva
(O texto que segue é proposição de aula e dinâmica de discussão)
OBJETIVOS:
1. Oferecer uma visão problematizada dos principais aspectos conceituais que fundam as elaborações em torno da questão ambiental;
2. Discutir as diferentes abordagens das relações homem e natureza, visando revelar as diversas visões da questão ambiental existentes.
PRIMEIRO PLANO DE DISCUSSÃO: O que é meio ambiente
1.O planeta está em meio a uma crise ambiental? Se estamos nessa crise, a partir de quando podemos indicar sua existência? Mas, o que é a crise ambiental que uns vêem e outros não? Não seria preciso inicialmente caracterizá-la a partir da idéia que justifica essa afirmação – que é a idéia de meio ambiente? O que é o meio ambiente? Como conceito o meio ambiente surge no interior das ciências naturais e foi mais especificamente desenvolvido na Biologia, num dos seus ramos – a Ecologia. Nesse contexto define-se como: "conjunto de todas as condições e influências externas circundantes, que interagem com um organismo, uma população ou uma comunidade"(Glossário de Ecologia - Academia de Ciências do Estado de São Paulo, 1987). Quer dizer, nesse caso está se referindo ao funcionamento da natureza. Porém, não parece claro que a idéia de meio ambiente está sendo usada além do funcionamento da natureza, quando falamos em questão ambiental? Que está sendo incluído na idéia de meio ambiente as sociedades humanas e os ambientes construídos pelo ser humano, que são, é óbvio muito distintos dos ambientes naturais? Muitos insistem em dizer que meio ambiente não é sinônimo de natureza. Se assim for não é por que no meio ambiente existiria algo mais que natureza, que seriam os ambientes construídos pelo ser humano, que se misturam aos ambientes naturais? Se assim for ao nos referirmos ao meio ambiente não estamos nos referindo ao espaço planetário como um todo? 2. Admitindo que a idéia de meio ambiente extrapolou a esfera da natureza e incluiu os ambientes humanos uma boa discussão seria perguntar: vamos analisar esse “meio ambiente inteiro” como se ele funcionasse com uma lógica natural? Tratando-o por exemplo como se fosse um ecossistema? Tratando um cidade como ecossistema? Se tratarmos a cidade como ecossistema não chegaremos a inevitável conclusão que ela é um meio ambiente degradado? Se os ambientes humanos devem ser avaliados segundo a lógica natural, não estou reconhecendo que ele não devia possuir peculiaridade e propondo que o meio ambiente volte a ser natural? Ao contrário, se admito que o meio ambiente não é sinônimo de natureza, porque a ele soma-se o espaço humano, a conclusão lógica é que o homem é também um construtor de meio ambiente. Quando ele constrói ambientes humanos ele o faz sobre os ambientes naturais preexistentes, isso é inevitável. É justo chamar essa ação de degradadora do meio ambiente? O que melhor pode ser caracterizado como degradação do meio ambiente? A simples existência de uma cidade? Todas a cidades deveriam ser consideradas violência ao meio ambiente? Mas o meio ambiente não é também construção humana? Não deveria existir para verificar o que é degradação do espaço humano critérios próprios que não os naturais?
Sugestão de dinâmica de discussão
1. O coordenador encaminha o início da dinâmica lendo a definição de meio ambiente presente nos PCNs do Tema Transversal Meio Ambiente, e inclusive a nota de rodapé:
1. Oferecer uma visão problematizada dos principais aspectos conceituais que fundam as elaborações em torno da questão ambiental;
2. Discutir as diferentes abordagens das relações homem e natureza, visando revelar as diversas visões da questão ambiental existentes.
PRIMEIRO PLANO DE DISCUSSÃO: O que é meio ambiente
1.O planeta está em meio a uma crise ambiental? Se estamos nessa crise, a partir de quando podemos indicar sua existência? Mas, o que é a crise ambiental que uns vêem e outros não? Não seria preciso inicialmente caracterizá-la a partir da idéia que justifica essa afirmação – que é a idéia de meio ambiente? O que é o meio ambiente? Como conceito o meio ambiente surge no interior das ciências naturais e foi mais especificamente desenvolvido na Biologia, num dos seus ramos – a Ecologia. Nesse contexto define-se como: "conjunto de todas as condições e influências externas circundantes, que interagem com um organismo, uma população ou uma comunidade"(Glossário de Ecologia - Academia de Ciências do Estado de São Paulo, 1987). Quer dizer, nesse caso está se referindo ao funcionamento da natureza. Porém, não parece claro que a idéia de meio ambiente está sendo usada além do funcionamento da natureza, quando falamos em questão ambiental? Que está sendo incluído na idéia de meio ambiente as sociedades humanas e os ambientes construídos pelo ser humano, que são, é óbvio muito distintos dos ambientes naturais? Muitos insistem em dizer que meio ambiente não é sinônimo de natureza. Se assim for não é por que no meio ambiente existiria algo mais que natureza, que seriam os ambientes construídos pelo ser humano, que se misturam aos ambientes naturais? Se assim for ao nos referirmos ao meio ambiente não estamos nos referindo ao espaço planetário como um todo? 2. Admitindo que a idéia de meio ambiente extrapolou a esfera da natureza e incluiu os ambientes humanos uma boa discussão seria perguntar: vamos analisar esse “meio ambiente inteiro” como se ele funcionasse com uma lógica natural? Tratando-o por exemplo como se fosse um ecossistema? Tratando um cidade como ecossistema? Se tratarmos a cidade como ecossistema não chegaremos a inevitável conclusão que ela é um meio ambiente degradado? Se os ambientes humanos devem ser avaliados segundo a lógica natural, não estou reconhecendo que ele não devia possuir peculiaridade e propondo que o meio ambiente volte a ser natural? Ao contrário, se admito que o meio ambiente não é sinônimo de natureza, porque a ele soma-se o espaço humano, a conclusão lógica é que o homem é também um construtor de meio ambiente. Quando ele constrói ambientes humanos ele o faz sobre os ambientes naturais preexistentes, isso é inevitável. É justo chamar essa ação de degradadora do meio ambiente? O que melhor pode ser caracterizado como degradação do meio ambiente? A simples existência de uma cidade? Todas a cidades deveriam ser consideradas violência ao meio ambiente? Mas o meio ambiente não é também construção humana? Não deveria existir para verificar o que é degradação do espaço humano critérios próprios que não os naturais?
Sugestão de dinâmica de discussão
1. O coordenador encaminha o início da dinâmica lendo a definição de meio ambiente presente nos PCNs do Tema Transversal Meio Ambiente, e inclusive a nota de rodapé:
“O termo ‘meio ambiente’ tem sido utilizado para indicar um ‘espaço’ (com seus componentes bióticos e abióticos[1] e suas interações em que um ser vive e se desenvolve, trocando energia e interagindo com ele, sendo transformado e transformando-o. No caso dos seres humanos, ao espaço físico e biológico soma-se ao ‘espaço’ sociocultural. Interagindo com os elementos do seu ambiente, a humanidade provoca tipos de modificação que se transformam com o passar da história. E, ao transformar o ambiente, os seres humanos também mudam sua própria visão a respeito da natureza e do meio em que vive.”
A seguir o coordenador faz o seguinte comentário: nota-se aqui nessa definição que meio ambiente não é sinônimo de natureza. Vocês estão de acordo? É uma soma de meio natural e de meio sócio cultural. É satisfatória uma definição desse tipo? Será que não há uma fragilidade aí, que nos faz nos fins das contas tratar meio ambiente como natureza? Tanto que quando nos referimos a meio ambiente saudável nos vêm à mente ambientes pouco alterados pelo homem. Vocês concordam com isso?
2. Agora o coordenador faz os seguintes comentários questionadores: será que o uso do termo meio ambiente que sustenta as lutas em defesa do meio ambiente é científico, ou ele é mais uma representação social, expressão de movimentos sociais; há vários autores que lêem as cidades como meio ecológico, como se fosse um meio ambiente natural - será que isso não decorre do fato da idéia de meio ambiente ser originalmente parte da natureza (é a natureza circundante de um organismo) não faz com que inevitavelmente passemos a julgar os ambientes humanos segundo critérios de funcionamento da natureza?
3. Em seguida o coordenador abre a discussão com as seguintes perguntas provocadoras (ou as coloca no decorrer do debate): a cidade pode ser considerada um ecossistema? Não é problemática essa afirmação? Afinal quando os seres humanos aglomeram-se em grande quantidade num único ponto o fazem intencionalmente – o que os elementos da natureza não fazem -, além disso já não é claro para o ser humano que ao concentrar-se vai depender para o funcionamento da aglomeração de abastecimento de energia de fora do “sistema”? E se essa multidão toda que está em cidades resolvesse se dispersar, isso não significaria a necessidade de transformar muitos ambientes naturais? Não podemos concluir que:
a. que a idéia de meio ambiente ao ser transposta para a realidade total que inclui o ser humano não fica bem resolvida trazendo uma série de dificuldades para definir o papel das sociedades humanas.
a. que a idéia de meio ambiente ao ser transposta para a realidade total que inclui o ser humano não fica bem resolvida trazendo uma série de dificuldades para definir o papel das sociedades humanas.
b. que a idéia de degradação do meio ambiente está muita associada ao funcionamento do ambiente humano, inclusive, como ecossistema.
c. que é problemático tratar uma cidade como ecossistema, esperando que ela funcione como a natureza.
[1] Componentes bióticos e abióticos são os componentes de um ecossistema. Componentes bióticos são os seres vivos: animais (inclusive o ser humano), vegetais, fungos, protozoários e bactérias, bem como as substâncias que os compõem ou são geradas por eles. Componentes abióticos são aqueles não-vivos: água, gases atmosféricos, sais minerais e todos os tipos de radiação. ( Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, 1992).
Postagens
Nenhum comentário:
Postar um comentário