- Surgimento do Estado centralizado com as seguintes características: a. domínio militar e jurídico sobre um território e integração dos povos dispersos nesse mesmo território; b. criação de infra-estrutura (transportes e comunicações) para tornar o território fluído; c. sistema tributário e administração profissional das finanças públicas; d. intervenção e regulação da economia, atuando, inclusive, fora de suas fronteiras; e. constituição de sistemas jurídicos livres das imposições religiosas; f. profissionalização das atividades de serviços públicos e de defesa do Estado: sistema escolar, saúde publica, sistema militar etc. g. poder político conduzido como princípios democráticos; representação política do indivíduo, independente de sua origem social.
- Aparição das nações (inclusive da própria idéia de nação) que têm a função de conferir legitimidade às idéias de unidade - territorial, política e cultural - necessária para integração de novos Estados europeus surgidos no Renascimento e na expansão colonial. Surgem assim o francês, o alemão, o italiano, etc. e, logo após, na América: o americano, o brasileiro, o mexicano etc. E assim, em quase todo o planeta.
- Mudança radical da economia que passa a ter regras sistemáticas de crescimento da produção e dos mercados. E, em conseqüência, de aumento da produtividade do trabalho. Para isso, a tecnologia vira insumo produtivo e a inovação tecnológica constante transforma-se no motor econômico da sociedade moderna.
- Tecnicização do espaço geográfico em duas direções: a. como parte do sistema produtivo (por exemplo, transformando a natureza em recursos naturais); b. para a gestão da distância geográfica, buscando aumentar sua fluidez, com os avanços tecnológicos em transportes e comunicações. Isso significará o fim dos isolamentos geográficos, com o aumento da escala geográfica (alcance da ação humana) e na pratica “encolherá” o planeta.
- O mercado como centro da vida material será cada vez mais realidade, com a eliminação das formas de auto-subsistência, conseqüência inevitável do fim dos isolamentos geográficos. A modernidade é, nesse sentido, a subordinação dos povos ao mercado, com o aumento da dependência do gigantesco aparato de produção e de bens em que se transformou o mercado.
- A urbanização do modo de vida com a generalização das cidades e o aumento da sua influência sobre o restante do território. No mundo moderno busca-se eliminar a distância geográfica, promovendo a vida de multidões em co-presença. Isso é uma cidade e essa foi até aqui a principal forma espacial da modernidade, já que possibilita a multiplicação de interações sociais e a subordinação ao mercado.
- Novas fontes de poder político deslocando às formas tradicionais, como monarquias e hierarquias religiosas, para o passado. O acúmulo sem precedentes da riqueza econômica faz da esfera econômica a principal fonte de poder político.
- O surgimento do individualismo significa uma personagem fundamental do mundo moderno. O indivíduo. Direitos humanos e individuais, direitos de privacidade, que resultam em movimentos contra a discriminação racial, movimentos feministas, ambientalistas, contra a discriminação sexual etc. compõem o perfil do mundo moderno.
- Internacionalização da vida moderna que com o aumento da escala de ação humana, passa a ser exportada dos países pioneiros para outros recantos do planeta. Prevalece a vertente econômica, mas todos os outros elementos da modernidade também se espraiam.
- Globalização forma recente e desnacionalizada de avanço do mundo moderno, em especial, no plano econômico, que muitos consideram, nem ser mais modernidade e sim, pós-modernidade.
Em que outro contexto, a não ser no interior da modernidade com sua vocação global, poderíamos ver surgir o movimento ambientalista? Esse não se estrutura com base na constatação de que a vida planetária (a biosfera) está ameaçada? Como poderíamos saber que as intervenções humanas sobre a natureza tem essa repercussão planetária sem os recursos científicos e tecnológicos que a própria modernidade criou? Como convencer populações regionais que sua forma de uso da natureza implica em consequências planetárias se não tivéssemos meios de transporte e telecomunicações para levar a causa do ambientalismo a todos os pontos do planeta? Esses meios correspondem à modernidade propriamente, assim como o ambientalismo. Se o mundo moderno é o grande vilão em função do uso enorme que ele faz da natureza, só esse tipo de sociedade poderia gerar a possibilidade forças se organizarem em escala global, para se transformarem em atores sociais e políticos que podem de modo consciente e estratégico fabricar um novo destino para a humanidade e o planeta.
[1] A Agenda 21 é, portanto, no conjunto da produção oficial sobre a questão ambiental um guia para a ação e aí reside sua importância.
[2] Eric HOBSBAWM, O Novo século, p.71.
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